A tarefa de organizar uma cronologia de pavilhões de vidro com um arco temporal de quase dois séculos impõe dificuldades e escolhas. Muitos projetos ficaram fora do livro, que reúne 36 obras, e, naturalmente, mais projetos ficaram fora desta exposição, dos quais destacamos 16 exemplares - aprofundados na Galeria Maior. Ainda que se possa contestar a linearidade impositiva de uma linha do tempo, sem ela seria impossível abarcar a variedade de projetos que colaboraram, ao longo da história, a compor o quadro complexo que se desvela com o tempo e que temos hoje em mãos. Apesar de o esforço curatorial ter se dedicado ao equilíbrio e à distribuição das obras ao longo do espaço-tempo, é impossível ignorar as determinações particulares da história cultural do vidro, colocando em evidência países e tempos históricos específicos, sobretudo tendo em vista os níveis técnicos de desenvolvimento industrial do vidro bem como os países que sediaram as Exposições Universais de modo geral. Dentro desse recorte, os anos 1920 e 1930 surgem como o palco privilegiado das experimentações arquitetônicas mais diversas com o material, ao passo que a década seguinte, provavelmente em função da catástrofe mundial da Segunda Guerra, representa uma baixa assustadora da produção. Nos anos 1950 o uso moderno do vidro ressurge sob o cânone da transparência, hegemonizando o campo da produção arquitetônica até meados da década seguinte. Uma nova produção, de corte comercial e voltada aos arranha-céus de escritórios, destaca-se na virada dos anos 1970 para os anos 1980, impondo um padrão de reflexividade e não-transparência que ficaram famosos na paisagem espelhada das assim chamadas cidades do futuro. Talvez como reação, os anos 1990 viram renascer uma dedicação mais autoral pela variedade objetiva do material translúcido, abrindo o campo de investigação para mais experiências. Segue exposta a organização de 41 artefatos pavilhonares de vidro, construídos ou apenas idealizados, no esforço de partilhar um campo de pesquisa vasto e plural que resta ser explorado em suas dimensões e alteridades.